BIOGRAFIA DE FIORINO SOLDI
EXTRAÍDA DO LIVRO “A CAPITAL DO PÔ”
Fiorino Soldi nasce em Cremona, no dia 27 de Outubro de 1922. Filho de Teresa Feraboli e Enrico Soldi. A família é de modestas condições; o pai é empregado em um laticínio em Dosso dei Frati, distrito de Cella Dati. Primeiro filho ao qual se juntarão Walter, Giuseppe e Virginia. Estuda no Seminário de Cremona e faz o clássico, no Instituto dos Missionários de Parma e sucessivamente, estuda no colégio Manin em Cremona. Irrompe a guerra e ele deve abandonar os estudos. Profundamente católico, escolhe continuar a sua missão no mundo, como laico compromissado, ligando a sua atividade, com os ideais de liberdade. Nos anos de 1944-1945, adere à Resistência nos grupos dos. “Flamas Verdes”, formações de resistências católicas, no setor, imprensa e propaganda. Os temas e os valores da Resistência, serão o fio condutor de muitas de suas obras. O dia 23 de abril de 1945, marca a sua vida; é capturado por uma coluna alemã em retirada, nas margens do Rio O,glio e é usado como escudo para proteger os soldados alemães, dos “partisãos” que dominavam a zona. Atravessado o rio, o oficial ordena a formação do pelotão de execução. Pergunta o seu nome. A resposta, empalidece o seu rosto, "minha mãe chamava-se Soldi - murmura - era de origem italiana. Morreu faz quatro anos. Foge, Soldi, foge."
Poucos anos depois, Fiorino funda o Casato Soldi, a grande família que reunia trinta e hum mil Soldis, espalhados pelo mundo, na mutua solidariedade, ("quem tem, oferece e quem não tem, recebe"). Em 23 de setembro de 1950, realiza-se o primeiro Congresso em Cremona e, ainda hoje, a cada ano, os Soldi se reencontram com o mesmo espírito de então.
No imediato pós-guerra, Fiorino está ativíssimo. Na direção da Frente da Juventude, dirige a Rádio Cremona Livre; funda o jornal “O Futuro”; está empenhado no seminário "Renovação"; é redator do diário, " A Voz do Pó", dirigido pelo advogado Romolotti. Escreve alguns dramas para o rádio e todos são levados ao ar pela RAI: "A Revolta" em 1946, "Quarto de lua" em 1948, (premiado na Suíça), "Campo da saúde" em 1949, "O Anjo da noite" em 1952 (vencedor do Prêmio de Trieste), dramas esses, que mostram o valor e os ideais da Resistência.
Em 1947, reinicia a publicação do diário. “A Província”. Outra vez redator e com ele, os jornalistas Mauro Morone e Giuseppe Sprovieri tendo como Diretor, Mario Levi. Assim, tem início, a sua intensíssima atividade de jornalista profissional, animada constantemente, pelas grandes batalhas a serviço da comunidade cremonesa e o seu desenvolvimento. Bate-se extenuadamente pela navegação interna (dá a público, a primeira edição do livro, “A Capital do Pó” em 1957). Sempre no ano de 1947, (depois que no ano anterior, escapara de dois atentados a tiros de revolver), casa-se com Margherita Mosa, que lhe dará, três filhos: F1oriano, Fiorenza e Flora.
A intensa luta como jornalista, não o impede de continuar escritor. Entre 1952 e 1956, sai a trilogia inspirada, ainda uma vez, pelos reveses e ideais da Resistência, (O Último Evangelho, A Ú1tima Cidade e O Último Amor). Em 1958, publica “As Portas do Deserto”. Escreve sobre história e viagens até 1963, quando vem à luz o monumental, "Ressurgimento Cremonez", fruto de anos de pesquisas em arquivos, minas inesgotáveis para o estudioso, símbolos do seu amor pela sua cidade e pela sua história.
Em 1957, está entre os fundadores do Lions Club de Cremona, com a finalidade de "por à disposição da coletividade, suas próprias energias morais e materiais, pelo bem de todos". Promove o Lions de Ouro, prêmio a ser conferido aos cidadãos que tivessem demonstrado com a excelência de suas obras, manter alto, o nome de Cremona na Itália e no mundo.
Em 2 de Junho de 1967, o Presidente da República lhe confere o título de Cavaleiro Oficial da República; faz alguns anos, dirige o diário “A Província” (exatamente desde 23 de Junho de 1961). Em seu artigo de fundo, escreve: "O jornal será á voz de todos, interpretando exigências, necessidades e aspirações da comunidade cremonesa, nunca como hoje, necessitada de forças novas, para a afirmação de um progresso que possa assegurar, depois de uma fatal depressão econômica, o despertar de concretas iniciativas de desenvolvimento". Incansável, continua suas atividades de jornalista e escritor. Com o Lions Club, organiza todos os anos, uma viagem, cujas impressões, dão vida a numerosos livros.
No dia 27 de dezembro de 1967, inicia a sua última viagem ao Oriente e no dia 6 de janeiro de 1968 (dia de Reis) o barco em que se encontrava, sobre o Rio Rajang em Bornéo é abalroado por um grande tronco levado pela correnteza em elevação. Fiorino não sabia nadar e morre afogado no dia da Epifânia. As suas cinzas chegam a Cremona no dia 23 do mesmo mês. Funerais solenes são realizados na Catedral no dia 26. Deixa incompleto o seu último trabalho, o romance “A Altana”, que será publicado, postumamente.
Dois anos antes, ao retomar da Índia, publica o livro “A Índia Morre em Benares”. No último capítulo deste livro, escreve: “A triste aurora do rio... Estava ainda escuro, quando o barco deixou a margem esquerda. De repente te, vê-se no horizonte escurecido, as colunas de fumaça das primeiras cremações. Hoje, não tem só a Epifânia de Jesus, hoje, 6 de janeiro de 1968, é a festa da lua cheia".
Fiorino Soldi, repousa no pequeno cemitério de Cella Dati, de onde partiu para o mundo.
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