sábado, 24 de setembro de 2016

Biografia de FIORINO SOLDI


BIOGRAFIA DE FIORINO SOLDI 

EXTRAÍDA DO LIVRO “A CAPITAL DO PÔ” 


Fiorino Soldi nasce em Cremona, no dia 27 de Outubro de 1922. Filho de Teresa Feraboli e Enrico Soldi. A família é de modestas condições; o pai é empregado em um laticínio em Dosso dei Frati, distrito de Cella Dati. Primeiro filho ao qual se juntarão Walter, Giuseppe e Virginia. Estuda no Seminário de Cremona e faz o clássico, no Instituto dos Missionários de Parma e sucessivamente, estuda no colégio Manin em Cremona. Irrompe a guerra e ele deve abandonar os estudos. Profundamente católico, escolhe continuar a sua missão no mundo, como laico compromissado, ligando a sua atividade, com os ideais de liberdade. Nos anos de 1944-1945, adere à Resistência nos grupos dos. “Flamas Verdes”, formações de resistências católicas, no setor, imprensa e propaganda. Os temas e os valores da Resistência, serão o fio condutor de muitas de suas obras. O dia 23 de abril de 1945, marca a sua vida; é capturado por uma coluna alemã em retirada, nas margens do Rio O,glio e é usado como escudo para proteger os soldados alemães, dos “partisãos” que dominavam a zona. Atravessado o rio, o oficial ordena a formação do pelotão de execução. Pergunta o seu nome. A resposta, empalidece o seu rosto, "minha mãe chamava-se Soldi - murmura - era de origem italiana. Morreu faz quatro anos. Foge, Soldi, foge."

Poucos anos depois, Fiorino funda o Casato Soldi, a grande família que reunia trinta e hum mil Soldis, espalhados pelo mundo, na mutua solidariedade, ("quem tem, oferece e quem não tem, recebe"). Em 23 de setembro de 1950, realiza-se o primeiro Congresso em Cremona e, ainda hoje, a cada ano, os Soldi se reencontram com o mesmo espírito de então.

No imediato pós-guerra, Fiorino está ativíssimo. Na direção da Frente da Juventude, dirige a Rádio Cremona Livre; funda o jornal “O Futuro”; está empenhado no seminário "Renovação"; é redator do diário, " A Voz do Pó", dirigido pelo advogado Romolotti. Escreve alguns dramas para o rádio e todos são levados ao ar pela RAI: "A Revolta" em 1946, "Quarto de lua" em 1948, (premiado na Suíça), "Campo da saúde" em 1949, "O Anjo da noite" em 1952 (vencedor do Prêmio de Trieste), dramas esses, que mostram o valor e os ideais da Resistência.

Em 1947, reinicia a publicação do diário. “A Província”. Outra vez redator e com ele, os jornalistas Mauro Morone e Giuseppe Sprovieri tendo como Diretor, Mario Levi. Assim, tem início, a sua intensíssima atividade de jornalista profissional, animada constantemente, pelas grandes batalhas a serviço da comunidade cremonesa e o seu desenvolvimento. Bate-se extenuadamente pela navegação interna (dá a público, a primeira edição do livro, “A Capital do Pó” em 1957). Sempre no ano de 1947, (depois que no ano anterior, escapara de dois atentados a tiros de revolver), casa-se com Margherita Mosa, que lhe dará, três filhos: F1oriano, Fiorenza e Flora.

A intensa luta como jornalista, não o impede de continuar escritor. Entre 1952 e 1956, sai a trilogia inspirada, ainda uma vez, pelos reveses e ideais da Resistência, (O Último Evangelho, A Ú1tima Cidade e O Último Amor). Em 1958, publica “As Portas do Deserto”. Escreve sobre história e viagens até 1963, quando vem à luz o monumental, "Ressurgimento Cremonez", fruto de anos de pesquisas em arquivos, minas inesgotáveis para o estudioso, símbolos do seu amor pela sua cidade e pela sua história.

Em 1957, está entre os fundadores do Lions Club de Cremona, com a finalidade de "por à disposição da coletividade, suas próprias energias morais e materiais, pelo bem de todos". Promove o Lions de Ouro, prêmio a ser conferido aos cidadãos que tivessem demonstrado com a excelência de suas obras, manter alto, o nome de Cremona na Itália e no mundo.

Em 2 de Junho de 1967, o Presidente da República lhe confere o título de Cavaleiro Oficial da República; faz alguns anos, dirige o diário “A Província” (exatamente desde 23 de Junho de 1961). Em seu artigo de fundo, escreve: "O jornal será á voz de todos, interpretando exigências, necessidades e aspirações da comunidade cremonesa, nunca como hoje, necessitada de forças novas, para a afirmação de um progresso que possa assegurar, depois de uma fatal depressão econômica, o despertar de concretas iniciativas de desenvolvimento". Incansável, continua suas atividades de jornalista e escritor. Com o Lions Club, organiza todos os anos, uma viagem, cujas impressões, dão vida a numerosos livros.

No dia 27 de dezembro de 1967, inicia a sua última viagem ao Oriente e no dia 6 de janeiro de 1968 (dia de Reis) o barco em que se encontrava, sobre o Rio Rajang em Bornéo é abalroado por um grande tronco levado pela correnteza em elevação. Fiorino não sabia nadar e morre afogado no dia da Epifânia. As suas cinzas chegam a Cremona no dia 23 do mesmo mês. Funerais solenes são realizados na Catedral no dia 26. Deixa incompleto o seu último trabalho, o romance “A Altana”, que será publicado, postumamente.

Dois anos antes, ao retomar da Índia, publica o livro “A Índia Morre em Benares”. No último capítulo deste livro, escreve: “A triste aurora do rio... Estava ainda escuro, quando o barco deixou a margem esquerda. De repente te, vê-se no horizonte escurecido, as colunas de fumaça das primeiras cremações. Hoje, não tem só a Epifânia de Jesus, hoje, 6 de janeiro de 1968, é a festa da lua cheia".

Fiorino Soldi, repousa no pequeno cemitério de Cella Dati, de onde partiu para o mundo.

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